Micologia na Podologia: tudo o que o podólogo precisa saber…

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Dominar Micologia na Podologia é a diferença que faz a diferença para o Podólogo parar de errar no tratamento da onicomicose.

Isso porque, além de saber interpretar o resultado do exame micológico do jeito certo, você aprende aplicar o protocolo mais adequado para o tipo de fungo identificado.

Além disso, você fica expert em diferenciar podopatias que se parecem muito com onicomicose, mas na verdade não são.

Confira neste artigo:

O que é Micologia na Podologia

Tipos de onicomicose

Conceitos essenciais sobre Micologia na Podologia

Onicomicose x outras podopatias

Exame Micológico na Podologia

Micologia na Podologia x Dermatologia

Sites para aprender Micologia na Podologia

Livros para aprender Micologia na Podologia

Formas de tratamento

O que é Micologia na Podologia

Micologia na Podologia estuda o universo dos fungos que causam podopatias, ou seja, estuda os fungos que causam onicomicose e tinea pedis.

Além disso, estuda diversos outros assuntos, como por exemplo, exame micológico, formas de coleta de material biológico, diferenciação de outras podopatias e qual é o melhor protocolo para o tipo de fungo encontrado.

Embora seja um grande ramo de estudo, aprender Micologia na Podologia, além de necessário, é uma enorme oportunidade para o podólogo se destacar na profissão.

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Tipos de onicomicose

Um dos temas mais importantes quando aprendemos sobre Micologia na Podologia é a classificação das onicomicoses.

Essa classificação nos ajuda na hora da coleta para o exame micológico e na escolha do melhor protocolo. Por exemplo: a escolha do instrumental para fazer a coleta depende do possível tipo de onicomicose identificado.

A seguir, conheça os 5 tipos de onicomicose que você pode encontrar:

1. Subungueal Distal Lateral

Com certeza, é a mais comum em nosso consultório de Podologia. Nesse tipo de onicomicose, o fungo se localiza embaixo da placa ungueal. Além disso, ele se desenvolve da região distal lateral em direção à região proximal.

2. Superficial Branca

Esse tipo de onicomicose também é muito comum no dia a dia do podólogo. O fungo se localiza em cima da placa ungueal e se desenvolve em direção ao leito ungueal. Definitivamente, é o tipo de onicomicose mais fácil de tratar.

3. Subungueal Proximal

Eventualmente a onicomicose subungueal proximal aparece em nosso consultório. Normalmente, aparece após uma paroníquia ou em pessoas imunossuprimidas. O fungo cresce da região proximal em direção à região distal.

4. Endonyx

Sua principal característica é a traquioníquia (separação das camadas da placa ungueal). Nesse tipo, o fungo se desenvolve entre as camadas da placa ungueal. É a mais difícil de tratar pois o fungo se localiza entre as camadas da placa ungueal.

5. Distrófica total

Antes de tudo, é preciso ressaltar que o podólogo não trata a onicomicose distrófica total, porque necessita de terapia sistêmica, ou seja, há necessidade de o paciente tomar remédio via oral. Então, precisamos encaminhar o paciente para o dermatologista.

Nesse tipo, o fungo já destruiu completamente a placa ungueal e chegou até a matriz. Dessa forma, se não for tratado, pode causar não só onicoatrofia como também anoníquia.

Conceitos essenciais sobre Micologia na Podologia

Antes de mais nada, é preciso conhecer conceitos fundamentais para aprofundar sobre Micologia no contexto da Podologia.

Estou falando sobre os tipos de fungos que causam onicomicose e tinea pedis. Basicamente, há três grandes grupos de fungos que causam essas podopatias:

Fungos dermatófitos

Fungos dermatófitos são fungos filamentosos que se alimentam de queratina.

Os fungos dermatófitos englobam três gêneros distintos, biologicamente relacionados: Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton.

A seguir, conheça alguns tipos de fungos dermatófitos do gênero Trichophyton:

  • Trichophyton Rubrum
  • Trichophyton Mentagrofites
  • Trichophyton Tonsurans

Fungos não-dermatófitos

Fungos não-dermatófitos são fungos filamentosos que não se alimentam de queratina.

Conheça abaixo alguns gêneros de fungos não dermatófitos:

  • Fusarium sp
  • Acremonium sp
  • Aspergillus sp

Leveduras

Ocasionalmente, as onicomicoses causadas por leveduras aparecem em nosso consultório de Podologia. No entanto, embora seja menos frequente, precisamos estar preparados.

A Candida albicans é a principal levedura que causa onicomicose. Por isso, chamamos essa infecção de candidíase ungueal.

Onicomicose x outras podopatias

Definitivamente, um dos maiores erros que vários podólogos cometem é tratar sinais e sintomas de onicomicose, sem ter plena certeza de que está tratando fungo.

Vários alunos relatam que estão tratando a onicomicose há um bom tempo, mas ela não some. Então, quando começo a perguntar quais são os sinais e sintomas identificados, percebo que pode ser outro tipo de doença.

Isso porque outras doenças causam sinais parecidos com os sinais da onicomicose. E é isso que sempre causa a confusão.

A seguir, vamos ver as principais doenças ou sinais que podem causar essa confusão:

Psoríase ungueal

A psoríase ungueal pode causar onicólise, cromoníquia, maceração, etc. Como sabemos, esses sinais estão também presente na onicomicose.

Onicólise por trauma

Qualquer trauma na unha pode causar onicólise ou onicomadese. Como esses sinais também aparecem na onicomicose, a confusão é comum.

Cromoníquea por pseudomona

Pseudomona é uma bactéria que causa uma cromoníquea esverdeada. Às vezes, causa também onicólise. E esses sinais estão presentes na onicomicose.

Inúmeros outros sinais podem podem causar confusão. Podemos citar:

  • pitings
  • traqueoníquea
  • queratose subungueal
  • hemorragia por estilhaço
  • onicoatrofia
  • etc.

Exame Micológico na Podologia

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Um dos temas que não pode faltar quando falamos de Micologia na Podologia é o exame micológico.

Como podólogo, você já deve ter percebido que não dá para diagnosticar onicomicose no olho. Até porque muitas outras onicopatias possuem os mesmos sinais e sintomas. E é essa semelhança que vai fazer você tratar uma “onicomicose” que nunca some.

Por isso, é fundamental fazer o exame micológico, pois esse é o único método científico capaz de identificar a presença de fungos na lâmina ungueal.

No entanto, o que muitos podólogos ainda ignoram é que o exame micológico na podologia é composto de dois exames: o exame micológico direto e o exame de cultura de fungos.

Exame Micológico Direto

O exame micológico direto é o único recurso à nossa disposição capaz de identificar a presença de fungos na placa ungueal. Mas atenção!

O Exame Micológico Direto somente atesta se há ou não há presença de fungo.

Para saber o tipo de fungo identificado, precisamos pedir o exame de cultura de fungos.

Exame de cultura de Fungos

Para escolher um protocolo que funcione, precisamos saber qual tipo de fungo está presente na amostra enviada ao laboratório. E o exame que faz isso se chama exame de cultura de fungos.

Assim, temos a certeza de que estamos definitivamente tratando um tipo de fungo que causa onicomicose. Dessa forma, conseguimos compor um protocolo específico para a espécie de fungo identificado no exame.

Formas de coletar o material biológico

Todas as vezes que falo do exame micológico, enfatizo a necessidade de fazer a coleta do material biológico (placa ungueal) do jeito certo, para evitar que o resultado venha errado.

Atualmente, existem três formas possíveis para fazer a coleta:

  • Raspagem
  • Fragmentação
  • Desintegração

A técnica de raspagem consiste em literalmente raspar a parte da placa ungueal afetada. O instrumental mais adequado para esta técnica é a lâmina de bisturi. Essa técnica é usada em suspeitas de onicomicose superficial branca.

Na técnica de fragmentação, pedaços da lâmina ungueal são coletados. O instrumental adequado para esse tipo de coleta é o alicate. O tipo de alicate varia conforme a necessidade local.

Por fim, na técnica de desintegração, fazemos o fresamento da região afetada, com o objetivo de transformar a placa ungueal em grãos. Por isso, o instrumental utilizado é a fresa de tungstênio.

Análise do resultado do exame

Com o resultado dos dois exames em mãos, é hora de interpretá-los.

Uma vez que o exame micológico direto identificou a presença de fungo, e que o exame de cultura identificou o tipo de fungo, precisamos criar um protocolo específico para a espécie de fungo presente na lâmina ungueal.

Dessa forma, teremos sucesso no tratamento da onicomicose.

Micologia na Podologia x Dermatologia

Como dito anteriormente, é comum algumas doenças apresentarem sinais e sintomas muito parecidos com os sinais e sintomas da onicomicose, como por exemplo psoríase, líquen plano, alopecia, etc.

Um erro muito comum na Podologia é tratar somente esses sinais e sintomas como se fossem onicomicose. Quando na verdade podem não ser.

Afinal, nem toda mancha ou maceração na placa ungueal é fungo.

Fique atento!

Uma vez que você já descartou a possibilidade de infecção fúngica e de qualquer outra podopatia que o podólogo pode tratar, você deve encaminhar o paciente para o dermatologista para que ele faça um diagnóstico médico dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente.

Como encaminhar o paciente para o médico

A Guia de Orientação Podológica é o documento utilizado para encaminhar o paciente para avaliação médica.

Essa guia também é útil para fazer solicitação de exames e orientações podológicas.

Na guia, você precisa descrever com riqueza de detalhes os sinais e sintomas identificados na sua avaliação. Também é importante, principalmente, registrar na guia o resultado do exame micológico e o tratamento utilizado.

Você então entrega a guia para o paciente e o orienta a procurar um dermatologista.

Sites para aprender Micologia na Podologia

Atualmente, há muita informação disponível para o podólogo aprender sobre Micologia. Todavia, existem pouquíssimos sites específicos em Micologia na Podologia.

No entanto, temos à nossa disposição excelentes sites disponíveis para pesquisar assuntos específicos. Inegavelmente, esses sites me ajudaram a aprender e aprofundar sobre o assunto. Sendo assim, eu super recomendo.

A seguir, confira os 4 sites que eu uso para aprender mais sobre Micologia:

1. Fiocruz

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) produz conteúdo de qualidade sobre diversos temas e também sobre Micologia. Inclusive, há alguns materiais gratuitos que você pode baixar.

Eu uso bastante esse site para pesquisar sobre a parte de análises clínicas.

2. Sociedade Brasileira de Dermatologia

Outro site que pode te ajudar bastante é o da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Por exemplo, quando eu preciso saber especificamente sobre um podopatia, ou eu acesso o site da SBD ou eu pesquiso no Google o nome da podopatia seguido do termo Sociedade Brasileira de Podologia.

3. Google Acadêmico

O site que eu mais uso para aprender sobre Micologia na Podologia é o Google acadêmico, porque ele é simplesmente um Google específico em artigos científicos.

Ou seja, basta acessar o Google Acadêmico, digitar o que você quer na barra de pesquisa e escolher os artigos que te interessam. Simples assim.

4. Scielo

Por fim, o quarto site da lista é o Scielo. Este site é outra plataforma de pesquisa de artigos científicos. Portanto, nele você consegue achar vários artigos do mundo inteiro.

Não é uma plataforma em português. Entretanto, você pode traduzir os artigos no Google Tradutor, pois é assim que eu faço.

Livros para aprender Micologia na Podologia

Depois que me formei, logo percebi que era preciso me aprofundar no estudo sobre Micologia na Podologia. Porém, não havia muito material específico para podólogos. Dessa forma, tive que correr atrás para aprender, principalmente porque já estava fazendo atendimentos.

Foi quando eu finalmente descobri um livro que me ajudou muito. Era um livro sobre patologias ungueais. Não era específico para Podologia, mas as patologias descritas poderiam acontecer não somente na mão como também no pé.

Outro livro que eu indico para os meus alunos é o meu livro digital específico sobre Micologia na Podologia. A seguir, confira abaixo os dois livros para aprender mais sobre micologia:

Diagnóstico diferencial da unha ( Robert Baran e Eckart Haneke)

O livro Diagnóstico Diferencial da Unha descreve inúmeras patologias ungueais, com riqueza de detalhes e de imagens. Por isso, recomendo que você leia e releia este livro sempre e sempre, pois vale muito à pena.

Micologia na Podologia (Viviane Ripoll)

O meu livro de Micologia na Podologia é um livro digital. Com ele, você aprende sobre exame micológico, diagnóstico diferencial e principalmente protocolos que funcionam. Ou seja, protocolos que eu mesma testei, funcionaram e ainda funcionam.

Formas de tratamento

Uma das principais vantagens em dominar Micologia na Podologia é a possibilidade de criar o seu próprio protocolo.

Outro ponto importante é a habilidade de desenvolver o protocolo conforme o perfil do seu paciente e o tipo de vírus identificado. Assim, podemos aumentar muito as chances de sucesso do tratamento.

Temos à nossa disposição quatro técnicas que podem ser combinadas para acelerar a resposta ao tratamento.

Aromaterapia

Seria impossível falar de Micologia na Podologia sem falar de Aromaterapia. Afinal os óleos essenciais possuem diversos benefícios cientificamente comprovados. Por isso, eles são nossos aliados fundamentais para tratar diversas podopatias.

Eu arrisco dizer que, atualmente, usar óleos essenciais na Podologia é quase que uma obrigação. E o motivo é simples. Funcionam demais e possuem um excelente custo-benefício.

Para podopatias como onicomicose e tinea pedis, destacam-se aqueles que tem efeitos fungicida, bactericida, virustático, dermocáustico e imunoestimulante.

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Como exemplo de óleos essenciais com uma ou mais dessas características, podemos destacar:

  • melaleuca
  • lavanda francesa
  • tomilho
  • cravo folha
  • alecrim
  • copaíba

No entanto, nem só de óleo essencial é feito o protocolo. Em outras palavras, a aplicação do óleo essencial direto na unha ou na pele é um erro, porque ele evapora rapidamente. E também porque ele não é compatível com o manto hidrolipídico

Por isso, precisamos diluir o óleo essencial em óleo vegetal. Como resultado, teremos um blend capaz de permear a pele por causa da compatibilidade do óleo vegetal com a pele.

Alta Frequência

Embora a alta frequência seja muito usada para tratar onicomicose e tinea pedis, lamento informar que não é a alta frequência que acaba com o fungo. Calma que já explico!

Na verdade, o efeito fungicida ocorre por causa do ozônio que o eletrodo produz ao ser estimulado pelo campo elétrico do aparelho gerador de alta frequência.

Dessa forma, o efeito fungicida ocorre porque o ozônio oxida a membrana celular do fungo. E é isso que vai causar a sua morte.

Você já deve ter percebido não dá pra usar o mesmo tipo de eletrodo para tudo. Pois alguns eletrodos são feitos para uma região específica do pé.

Sendo assim, o sucesso do tratamento com alta-frequência, depende da escolha correta do eletrodo.

Fique atento!

Para aplicação na placa ungueal, podemos usar o eletrodo cachimbo. O tamanho vai variar conforme o tamanho do dedo do paciente.

Já o eletrodo rabo de peixe (ou rabo de baleia) é o ideal para tinea interdigital, por causa do seu formato perfeito para encaixar entre os dedos do pé.

Por fim, o eletrodo standart, também conhecido como cebolão, é o mais adequado para tratar tineas nas demais regiões do pé do paciente de Podologia.

Laserterapia

O laser é uma super ferramenta que o podólogo possui para tratar onicomicose e tinea pedis. Porém, não basta aplicá-lo de qualquer jeito.

Pois um erro comum que eu vejo vários podólogos cometer é aplicar o laser sem usar o agente fotossensibilizante (azul de metileno).

Quando aplicado de forma correta, o laser tem efeito fungicida, bactericida, virustático, etc. Isso porque ele produz uma molécula chamada oxigênio singleto.

Essa molécula tem o poder de oxidar a membrana de microorganismos, o que causa a sua morte.

Mas essa molécula só vai ser produzida com a correta aplicação do azul de metileno e com a dosagem correta de energia.

Veja também: 5 formas de usar o Laser na Podologia

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Óleo ozonizado

Eventualmente, pode acontecer de você não ter à mão nenhum dos recursos citados anteriormente. Mas isso não vai ser um problema, pois eu vou te apresentar mais forma de tratamento super eficaz.

Certamente, você não só já deve ter ouvido falar do óleo ozonizado como também já deve ter até usado em seus atendimentos.

O óleo de girassol ozonizado pode e deve ser usado na Podologia. Isso porque o ozônio possui propriedades fungicida, bactericida, viricida, cicatrizante, entre outras. Atualmente, existem muitos artigos científicos que comprovam a sua eficácia.

Como foi dito anteriormente, o ozônio tem o poder de oxidar a membrana celular do fungo. E é esse o motivo de sua morte.

Portanto, podemos usar o óleo ozonizado isoladamente ou em terapias combinadas.

viviane ripoll